por Ana Jácomo
Tenho aprendido
com o tempo que a felicidade vibra na frequência das coisas mais simples. Que o
que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas
coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano. Como
o toque bom do sol quando pousa na pele. A solidão que é encontro. O café da
manhã com pão quentinho e sonho compartilhado. A lua quando o olhar é grande. A
doçura contente de um cafuné sem pressa. O trabalho que nos erotiza. Os
instantes em que repousamos os olhos em olhos amados. O poema que parece que
fomos nós que escrevemos. A força da areia molhada sob os pés descalços. O sono
relaxado que põe tudo pra dormir. A presença da intimidade legítima. A música
que nos faz subir de oitava. A delicadeza desenhada de improviso. O banho bom
que reinventa o corpo. O cheiro de terra. O cheiro de chuva. O cheiro do
tempero do feijão da infância. O cheiro de quem se gosta. O acorde daquela
risada que acorda tudo na gente. Essas coisas. Outras coisas. Todas, simples assim.
Comentários
Postar um comentário